quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Basquete de Rua como Indústria do Entretenimento

A palavra entretenimento, de origem latina, entretere, significa estar dentro, deter, fazer
demorar, estar efetivamente participando de uma situação na qual você está dando 100%.
Proporcionar entretenimento a alguém significa divertir, ocupar, encher as horas vagas.
Derivado do basquete tradicional, o streetball ou basquete de rua inicialmente teve seu o
foco voltado para o entretenimento. Com o passar do tempo tudo se transformou em uma
indústria de entretenimento, tendo o lucro financeiro como foco central.
De uma maneira geral o entretenimento tem se caracterizado como um setor econômico dos mais
dinâmicos e prósperos no mundo.
Para se ter uma ideia, em 2003 o faturamento do setor em todo o mundo foi de U$1,2
trilhão, relacionados a diversas áreas de negócios do lazer, onde destacam-se o esporte, o
turismo, as telecomunicações, o audiovisual e eventos.
O esporte, considerado o segundo segmento do setor do entretenimento, logo após o
turismo, envolve em todo o mundo valores estimados em 54 bilhões em vendas diretas e
U$ 370 bilhões em vendas indiretas. No Brasil o esporte representa 1,7% do PIB, o que é
considerado muito baixo pelos especialistas do setor, gerando cerca de 20 bilhões de
reais, com expansão média de 6,35% entre 1995 e 2001.

O Passado :

Não existiam milhares de fãs. Não existiam “streetballers” reconhecidos pelos seus
nomes em todo o mundo. O lance era jogar basquetebol nas esquinas, nas quadras, ou em
qualquer lugar, um contra um, dois contra dois, três contra três ou quadra inteira. Na
época, o dinheiro não era o mais importante, perdia para a bola laranja. Haviam mestres
na arte de jogar basquete de rual que se destacavam nos “rachas”, “peladas” e “pegas”
idolatrados localmente.
Como maior referência na arte do basquete-espetáculo, os Globetrotters encantavam o
mundo em plena guerra fria. Em 1927, Abe Sapertein, que era filho de imigrantes
poloneses, fundou a equipe exclusivamente com negros que eram impedidos de jogar nas
equipes de brancos ou contra eles.
A equipe tinha atletas sensacionais e toda equipe jogava muito bem, fazendo com que o
resultado fosse muito especial, o que motivou o seu fundador a criar o jogo espetáculo,
adicionando pequenas doses de comédia, com os juízes e a equipe adversária fazendo
parte do “combinado” show. O fato concreto é que o público se amarrava no espetáculo,
não se importando com vitórias. Veio a fama, todo mundo gostou do formato onde os
times adversários serviam de uma espécie de “escada”. Em 1966, Sapertein faleceu e seus
herdeiros venderam a equipe por $3 milhões de dólares.
O Globetrotters, depois de 80 anos de entreter mais de 123 milhões de fãs em 118 países,
permanece um ícone de marketing e produto de excelente qualidade. O time tem platéia
fiel por onde se apresenta, fazendo a alegria de jovens e adultos. Vários grupos tentam
copiar a fórmula do seu entretenimento sem o sucesso que os eternizaram como únicos no
planeta.
Um jornalista egípcio definiu bem o espírito dos Globetrotters. “Quando a pessoa rir, a
pessoa não pode odiar”.
A única equipe de basquete que encantou várias gerações, teve seus momentos difíceis no
período da guerra fria, quando chegaram a serem usados como massa de manobra.
Atualmente, com uma política humanitária os Globetrotters viajam o mundo como
Embaixadores da Paz, desenvolvendo ações comunitárias. Já foram doados mais de $11
milhões de dólares a várias causas e caridades desde que o Mannie Jackson, o novo
proprietário adquiriu o time em 1993.
No final dos anos sessenta e início dos anos setenta, o basquete de rua teve o seu ápice quando
lendas das quadras como Earl “The Goat” Manigault e Joe “The Destroyer” Hammond
disputaram um desafio com as estrelas da NBA como Wilt Chamberlain e Tiny Archibald
na quadra de Rucker Park - considerada a Meca do Streetball. Manigault e Hammond
tinham talento para jogar na NBA, mas estiveram envolvidos em vários problemas com
crimes e drogas, o que os mantiveram do lado de fora da liga americana.
No início, o único lugar onde o “basquete de rual” foi destaque era no Harlem, bairro negro de
Nova York onde, ligas como The American Basketball Association (ABA) e a The
Entertainers Basketball Classic (EBC) desenvolvem até hoje, a modalidade em quadras
famosas , como Rucker Park, Gun Hill, West 4th, entre outras.
O basquete de rua continuou crescendo em popularidade, mas algumas destas
competições mancharam a imagem doe esporte, devido aos envolvimentos com a
criminalidade.
As coisas mudaram em 1997 quando a AND 1 usou a famosa fita com os “moves de
“Skip to My Lou”. No livro, “And1 Streetball: All the Ballers, Movers, Slams, and
Shine,” o autor Chris Palmer detalha como a “Skip Tape” (como ficou conhecida a fita de
vídeo de Skip) circulou pelos escritórios da revista “Slam Magazine” e terminou no The
Paoli, os escritórios da AND 1.
Na época a companhia fez 50.000 cópias da fita e distribuiu aos clientes que compraram
seus produtos nas lojas da rede Foot Action Shoe. As fitas sumiram das lojas em pouco
tempo. Comércio ou não, o fato é que a AND 1 foi a principal causadora da promoção do
streetball no mundo, utilizando-se do seu marketing que conta com apelidos sugestivos
dos jogadores que compõem o seu elenco, tipo Hot Sauce ( molho quente) e Half-Man
Half-Amazing ( meio homem, meio surpreendente). A de se imaginar Lebron James
mudando de nome para jogar basquete de rual na AND 1.







Nenhum comentário:

Postar um comentário